Artistas têm desconstruído todas as suas técnicas para voltar a um traço, descobrir de novo o traço original, único, infantil. Por quê? Ninguém sabe. Mas vamos a um pouco de teoria de arte aliada a psicanálise. Com vocês: o desenvolvimento da linguagem pictórica durante a infância humana.
Como acredito que todos sabem, as crianças nascem sem percepção de figura-fundo, pois ainda não possuem a bagaem cultural e memorial para identificar as formas e a tridimensionalidade a que elas se sujeitam. Quando há a descoberta dessa divisão, ocorre em algum momento a primeira tentativa da marca, que quase nunca gera um forma definida, e sim o que para nós adultos configura-se como um emaranhado de linhas sobre uma superfície.
Como acredito que todos sabem, as crianças nascem sem percepção de figura-fundo, pois ainda não possuem a bagaem cultural e memorial para identificar as formas e a tridimensionalidade a que elas se sujeitam. Quando há a descoberta dessa divisão, ocorre em algum momento a primeira tentativa da marca, que quase nunca gera um forma definida, e sim o que para nós adultos configura-se como um emaranhado de linhas sobre uma superfície.
Conforme a consciência de forma vai se desenvolvendo, a criança vai tentando reproduzi-la no papel, na fase chamada"tentativa de figura-fundo". Dessa fase surge a mais interessante de todas e que todos os artistas buscam incansávelmente: A "primavera do desenho infantil", onde, bizarramente, há um equilíbrio pleno nas imagens, com um composição altamente bem construída, desenho sempre gestual(leia-se: que há movimento do braço e punho) e, muitas vezes, equilíbrio até cromático. Dizem os especialistas que isso ocorre pois nessa fase a entrega à composição é total, e não está delimitada por fatores científicos que serão explicadas mais à frente.
Passada essa fase, chega a alfabetização. Ela mata tudo, acaba, destroça, já era. Com ela, surgem os signos, e a percepção de mundo, ou seja, não há mais a pureza da expressão, pois a criança já sabe como DEVE ser uma árvore, uma casa e uma nuvem e que, devido a gravidade, a casa fica em baixo e a nuvem em cima e entre há o espaço, ou seja, a folha em branco. Tudo organiza-se nos seus devidos lugares. Além disso, com a escrita há a perda da gestualidade e o "adestramento" da mão, que passa a se mover ao invés do braço.
Passada essa fase, por volta dos 12, 13 anos, fase revoltada em geral, chega-se à crise do "realismo fracassado". É o momento em que a percepção aumenta e a criança vê que o que ela tenta representar não é exatamente como o visto, e há uma tendencia a cópia, pois é o meio mais fácil de se chegar no resultado mais fiel. Esse mundo projetivo perde totalmente a relação com o espaço, pois o foco é tão grande no objeto em si que se esquece do seu entorno. Essa fase é onde a maioria das pessoas param, pois ao se depararem com desafios como: "como desenhar um queixo visto de baixo?" ou "como desenhar uma árvore com todas suas folhas?" há esse choque que as impedem de continuar o desenvolvimento pictórico e gráfico.Desse estágio, para quem se interessa pelo tema, chega-se ao desenvolvimento do desenho de observação, onde desenvolve-se a técnica do olhar e da abstração(sim, abstração).Daí em diante, é descobrir que na verdade, o início é que era melhor, que a composição e percepção vinham diretas, e que tudo foi algo que jamais voltará as mãos de nenhum artista, por mais que ele passe sua vida toda tentando achar esse gesto primordial.
É gente, vida de artista não é fácil...
Melhor texto do blog.
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